segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Ternuras de ti

(Tantas foram as vezes que rezei para que não partisses, para que aguentasses, para que fosses forte, para que proliferasses esse estado debilitado mas presente...)

Tinhas a voz rouca, envelhecida da vida. Sabes, sempre me recordo de ti assim, com idade de avô, de pele enrugada e cansada, de mãos sujas de trabalho, e quão bonito é recordar-te em velhice, em sabedoria, em experiência...
Os teus conselhos sempre foram no tom severo que desde pequeno te ensinaram a ter, mas sei que o teu coração sempre foi quente para nós; que todas as vezes que não nos respondias não era só casmurrice, eras tu a dizer-nos "pensa por ti!". Éramos a luz dos teus olhos e só hoje vimos essa verdade.

Ultimamente não conhecias outra verdade senão a doença. Os dias arrastavam-se sobre ti e tu andavas como quem esperava este dia mas queria conhecer mais, ver mais de nós, ver-nos a vencer.
Ensinas-te-nos o Antigamente, mostras-te-nos o que era ter quase nada e sentir ter tudo. Ensinas-te-nos a ver o valor do pouco.

Perdoa-me todas as coisas que me ensinas-te e eu já esqueci, perdoa-me o tempo que não passei contigo, perdoa-me por tudo, mas deixa-me também agradecer-te por Tudo, principalmente pelas doces recordações que não hei-de esquecer.

Um comentário:

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