(Tantas foram as vezes que rezei para que não partisses, para que aguentasses, para que fosses forte, para que proliferasses esse estado debilitado mas presente...)
Tinhas a voz rouca, envelhecida da vida. Sabes, sempre me recordo de ti assim, com idade de avô, de pele enrugada e cansada, de mãos sujas de trabalho, e quão bonito é recordar-te em velhice, em sabedoria, em experiência...
Os teus conselhos sempre foram no tom severo que desde pequeno te ensinaram a ter, mas sei que o teu coração sempre foi quente para nós; que todas as vezes que não nos respondias não era só casmurrice, eras tu a dizer-nos "pensa por ti!". Éramos a luz dos teus olhos e só hoje vimos essa verdade.
Ultimamente não conhecias outra verdade senão a doença. Os dias arrastavam-se sobre ti e tu andavas como quem esperava este dia mas queria conhecer mais, ver mais de nós, ver-nos a vencer.
Ensinas-te-nos o Antigamente, mostras-te-nos o que era ter quase nada e sentir ter tudo. Ensinas-te-nos a ver o valor do pouco.
Perdoa-me todas as coisas que me ensinas-te e eu já esqueci, perdoa-me o tempo que não passei contigo, perdoa-me por tudo, mas deixa-me também agradecer-te por Tudo, principalmente pelas doces recordações que não hei-de esquecer.
nunca se esquece quem se ama
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